domingo, 2 de setembro de 2007

REFLEXÕES





Sigo tentando entender o imprevisível
que me espreita ao longo do caminho,
colhendo afeto onde julguei não ser possível,
e frustrações que vão marcando meu destino.

Releio páginas amareladas pelo tempo
em meu diário de anseios e esperança,
folhas de outono levadas pelo vento,
lindas promessas transformadas em lembranças.

Restam-me poucas fichas para apostar
na roleta do futuro incerto e duvidoso,
confuso, já não sei em que acreditar,
num presente triste, frio e nebuloso.

Muda o cenário do palco iluminado
onde debalde tento fazer valer o meu papel,
somando enganos, erros e pecados,
que me distanciam da luz que vem do céu.

Infeliz em meus conceitos de avaliação,
em cada sorriso pensei ter um amigo,
passando a vida sem receber nenhum botão
de rosas que hão de cobrir meu corpo rígido.

Sinto meus lábios sequiosos por um beijo
perdendo a chama do amor de tanta espera,
na solidão, vou sepultando meus desejos,
como um jardim sem ver o sol da primavera.

Escrevo versos de paixão e amor
contraditórios à cruel realidade;
devaneios que ocultam a própria dor,
e fazem sentir o gosto amargo da saudade.

Como caldeira de vapor quase explodindo,
o coração armazenando sentimentos,
exausto de viver só me iludindo,
vou dando adeus aos sonhos e tormentos.

Hoje só existe uma verdade para me surpreender,
a derradeira chamada que não sei quando virá,
lei que o materialista teima em querer desconhecer,
retorno ao pó que ninguém pode evitar.

Ao juízo final levarei na alma
a luz sublime que minha estrada iluminou,
paz divina que revigora e acalma,
ternura de crianças que meu pranto enxugou.

Mesmo sem mágoas ou ressentimentos
não tenho motivos para me alegrar,
pois enquanto houver tristeza e sofrimento
não existe razão para comemorar.

A humanidade é a mesma que na arena
exultava ao ver o cristão ser devorado pelo leão,
e hoje assiste ao martírio do touro sem ter pena,
lançado flores sobre o sangue derramado pelo chão.

Da seara que com esmero e devoção cultivei,
ervas daninhas nasceram em profusão,
de onde tão pouco ou nada esperei,
vieram amigos, companheiros e irmãos.

Nas exceções encontro o reconforto,
natureza, fonte inesgotável de inspiração,
rogando em preces por um mundo novo,
onde o amor fraterno,não seja apenas ficção.




* Falcão S.R *

Protegido pela Lei 9.610 de Direitos Autorais.




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